Fonte: http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/
Submetido a uma lipoaspiração compulsória nas urnas de 2006, o PFL decidiu submeter-se a uma operação plástica. À procura de um novo rosto, mudou de nome. Chama-se agora PD (Partido Democrata). Vai mudar de direção. Busca dirigentes mais joviais.
Como interpretar a novidade? Ora, não é nada, não é nada, não é nada mesmo. Na certidão de nascimento, o novíssimo PD continua sendo a velhíssima legenda de sempre. Uma filha do poder ditatorial da Arena com o oportunismo eleitoral da dissidência do PDS.
A pefelândia ascendera ao poder pouco depois da chegada das caravelas de Pedro Álvares Cabral. Mandada à oposição em 2002, perdeu o acesso à máquina do Estado, o seu porto seguro. E a nau do partido perdeu o rumo.
Sem um presidenciável que possa chamar de seu, o PFL foi às últimas disputas abraçado ao tucanato. Deu-se bem com FHC. Uma vez, em 94. Duas vezes, em 98. Afogou-se noutras duas tentativas. Com Serra, em 2002. Com Alckmin, em 2006.
Não é a primeira vez que o PFL tenta repaginar-se. Em maio de 95, ainda sob FHC, anunciara um projeto de nome pomposo. Chamara-o de “PFL 2000”. Previa a construção de um partido-potência. Estimava que, em cinco anos, a legenda teria 150 deputados e 30 senadores.
Decorridos onze anos, o sonho converteu-se em pesadelo. Dono da segunda maior bancada congressual em 95, o PFL escorregou para a quarta posição. Sem acesso aos cargos e às verbas públicas, seus quadros não param de definhar.
Como se fosse pouco, o PFL convive com o abandono de seu eleitorado tradicional. A tribo dos pefelês orgulhava-se da quantidade de votos que conseguia amealhar nos fundões do Brasil. Seduzida por benefícios como o Bolsa Família, a clientela das regiões Norte e Nordeste migrou para Lula.
Nos grandes centros, o discurso liberal do PFL ainda ecoa nos gabinetes refrigerados da grande banca e da fina flor do empresariado. Algo que serve à engorda de arcas de campanha. Mas que não chega a sensibilizar os verdadeiros donos do voto.
Em São Paulo, a liderança pefelê mais vistosa é Gilberto “Vagabundo” Kassab, que herdou a cadeira de prefeito do tucano José Serra. Em Minas, não há vestígio de um líder de renome que seja filiado ao PFL. No Rio, o drama é menos intenso. Ali, o nome mais festejado é o do prefeito César Maia. Tem combustível para vôos estaduais. Mas falta-lhe gás para cobrir extensões nacionais.
A despeito da inanição de votos, Jorge Bornhausen, presidente do PFL, anuncia que o partido fará um vôo solo em 2010. Falta-lhe, porém, um piloto. O último pefelista com cara de presidenciável foi Luiz Eduardo Magalhães. Morreu. E levou consigo para a cova o sonho de poder de seu partido.
Aprovado nesta quinta pela Executiva do PFL, o novo nome (PD) encontra-se pendente de confirmação da convenção do partido, marcada para 28 de março. O passo seguinte será a troca de comando. Sai Jorge Bornhausen. Entra, se tudo correr como planejado, um presidente mais jovem. Rodrigo Maia (RJ) ou ACM Neto (BA), por exemplo.
De novo: não é nada, não é nada, não é nada mesmo.
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